Meu Diário
31/07/2010 09h56
Enganos
Escrevi o texto abaixo em janeiro de 2007. Naquela época, achava que tudo se resolveria rapidamente. Sabia que seria um processo por demais dolorido - só não sabia o quanto -, mas pensava que tudo se resolveria.

Ledo engano. É lógico que tudo se resolve, porém, o tempo, cruel, as vezes se arrasta.

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Reflexos
 
Todo ato tem seu reflexo. Se você chutar uma pedra, e ela não for muito pesada, irá rolar. Mas se ela for pesada, você pode até quebrar o pé. Isto é um reflexo.
 
2006 foi um ano de chutar pedras. Este ano pode ser ou não o ano dos reflexos – dos pés quebrados. Hoje ocorreu o primeiro pé quebrado – a primeira perda.
 
Se em 2006 houve muitos danos, em 2007 virão as perdas. Tudo isto é reflexo do que foi 2006. 2007 será um ano de consertos. Um ano de gesso. Engessar todos os pés quebrados oriundos das pedras chutadas em 2006.
 
Crê-se que em 2007 não haja perdas. Somente consertos.  Os consertos, por vezes, podem ser doloridos. Mas há o conhecimento prévio de que se uma coisa está sendo consertada, em dado momento parará de doer.
 
Ótimo! Então, é só ter paciência, esperar cada pé quebrado que acontecer como reflexo dos chutes em 2006, colocar o gesso, sentar e esperar a dor ir embora.
 
Esperar que não haja nenhuma fratura exposta – ah, ai já é demais. Depois de todos os chutes, e de toda intensidade de cada chute, não haver fratura exposta, será milagre. Bom, é sentar e esperar.
 
Já basta a certeza de que não haverão pedras pra serem chutadas – isto já é um começo. E preparar tudo para que quando chegar à fratura exposta, a perda não seja tão grande.
 
Mas hoje foi um dia de perda – a primeira delas. Reflexo de 2006. Na verdade não somente de 2006, mas de 2005 também. Doeu! Doeu profundamente. Mas o gesso está colocado no pé, a muleta está na mão, e o negócio é caminhar mancando, mas caminhar, olhando sempre na luz lá no fim do túnel.
 
O engraçado é que você só percebe que dói quando quebra – nunca na hora do chute. Você pode saber que os reflexos virão, e estar preparado para eles, mas o primeiro será sempre mais difícil. É o impacto. Tenho certeza que os outros virão, na velocidade da luz, mas talvez sejam recebidos com menos intensidade, porque o primeiro já terá passado.
 
Perdas e danos. Primeiro, vêm os danos, depois as perdas. E depois das perdas, virá o caminho e, então tudo ficará certo novamente. Esperemos então, com os pés bem fincados no chão, estoicamente, as perdas que virão em 2007, reflexos dos danos de 2005 e 2006.
 

Publicado por Fátima Batista em 31/07/2010 às 09h56
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