À espera
Ela desce o pedaço de terra
Devagar e lépida
Abaixa-se sorrateiramente e senta
Olha para os lados
Como quem espreita
Encolhe-se
Estica a mão e se recobre
Alguém passa
Puxa conversa
Não dá atenção
Encolhe os pés, que descalços pisam o cimento
Puxa o cigarro, mas não acende
Novamente se encolhe e espreita
Olha por entre as grades do alto muro
Recolhe algo no chão, entre plantas,
E leva à boca
Mastiga e coça a cabeça
Sinal?
Talvez.
Vem outro alguém
Pára, olha, atenta se levanta
E vai adiante
Todos os dias
No mesmo lugar
No mesmo horário
A pobre sem teto
À espera de parco alimento.
Fátima Batista
Enviado por Fátima Batista em 15/12/2006
Alterado em 29/09/2020
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