Quando eu morrer...


Não quero flores no caixão.

Não quero que mais tarde, relaciones o cheiro das flores com minha imagem destituída.

Não quero caixão aberto, para mais tarde não teres pesadelos com minha tez tão branca, meus lábios pintados de carmim, meus cabelos opacos, e o cheiro da morte no ar.

Não quero velório, pois não preciso do peso de tuas lágrimas a me acompanhar, e não quero que tua última recordação seja de um dia sem o som da minha voz.

Não quero enterro para que meu corpo depauperado não seja consumido aos poucos pelo tempo e pela água da chuva a se infiltrar na sepultura, e para que você não se sinta obrigado a visitar minha lápide.

Serei cremada, e após isso, minhas cinzas serão esquecidas em qualquer canto, porque não quero que tenhas o trabalho de carregar a urna e jogar minhas cinzas no mar.

Quero ser esquecida como um vento rápido que passou, para que nunca penses no bem que te fiz, nem tão pouco nas lagrimas que te fiz derramar.

Faça de conta que nunca me conheceu, ou que nunca existi, porque só assim saberei que seguirás em frente.