30 dias escrevendo - Primeiro
Dez coisas que te deixe feliz
Experimente parar e pensar nas dez coisas que te deixam feliz. Não é fácil. Exige pensar profundamente sobre você mesmo. Entrar lá no fundo, sem pudor.
Tem muitas coisas que me deixam feliz superficialmente, mas e interiormente?
Por vezes é mais fácil pensar nas coisas que nos deixariam felizes, porque é mais fácil pensar no futuro. Pensar naquilo que não compromete, porque ao dizer aquilo que te deixa feliz pode ser muito comprometedor. Pode ferir. Pode causar rancor, sofrimento, inveja, ciúmes. O que me deixa feliz pode ser muito pequeno. Não precisar ser vasto, caro, sensacional, basta que me deixe feliz.
Lembro-me de uma época que, ao ir trabalhar, mandava mensagens contando sobre mim para um amigo, e isso melhorava o meu dia. Fazia-me pensar sobre mim, sobre o que fui e sobre o que sou. Era um fio tão tênue, mas que me alegrava.
1. Falar sobre o que me vai na alma.
Lembro ainda de uma outra época, em que levantava por volta de oito horas da manhã, subia as escadas, alimentava meus cães, tirava ervas daninhas das minhas plantas, regava todo o jardim, sentava-me em uma cadeira e olhava através do vidro para as plantas. Depois, descia. Ia até a cozinha. Colocava uma chaleira no fogo, preparava o pequeno coador, pegava umas torradas, geleia de frutas vermelhas na geladeira, coava uma xícara de café, sentava-me à mesa da sala, colocava uma música pra tocar e tomava o meu café da manhã em completa solidão. Isso me dava toda a paz de espírito que precisava.
2. Fazer para mim, pequenos mimos.
Estou sem escrever há quatro anos. Escrevia todos os dias. Mesmo que fosse para apagar. A vontade de escrever ao olhar para uma árvore, para uma rua, para uma sombra, não sei por que, desapareceu. Escrever sobre os sentimentos que me iam à alma, deixá-los extravasar, parece que ficou no passado. Mas sinto falta, como se faltasse um alimento, a água que bebo, o sono que me vem à noite. Tanto aconteceu nesses últimos anos que esqueci de mim.
3. Escrever, escrever e escrever.
Não tenho lido. Algo nefasto me tira a atenção dos livros que pego. Na verdade, é somente o tempo devastador que não me deixa ler o que quero. Todos os livros que olho na estante, cobertos de pó, que me chamam, que me olham, que me falam, como se esticassem mãos invisíveis à minha procura. Tudo que sei. Tudo que sou. Tudo que penso. Tudo isso vem dos livros.
4. Ler.
Desde os seis anos de idade aprendi que produzir faz parte do ser humano. Produzi durante quase sessenta anos. Continuo produzindo. De maneira diferente, mas continuo produzindo. Não somente por dinheiro, mas para criar. Para ver o resultado final.
5. Trabalhar.
Sempre fui apaixonada por tudo. Pelos livros, por futebol, por suco de laranja, por melancia, por criar, por escrever, por viver. Sou apaixonada por coisas novas, pelos amigos, pela família, pelos meus cães e pela minha casa. Sou loucamente apaixonada por viajar, por ir à praia, por ir à montanha, por conhecer lugares novos, pessoas novas. Conhecer coisas que enriqueçam meu saber.
6. Estudar
Sentar em uma cadeira de bar, de jardim, de Café, e conversar. Conversar com amigos, jogar conversa fora mesmo! Rir à toa. Isso faz com que o meu corpo se movimente, meus olhos fiquem mais vivos, minha risada mais alta. Mas tem de ser aquela troca de conversa. Nunca quando só um fala. Quando só um quer ser o sabedor. Isso me irrita. Mas irritação é para outra história. Aqui quero falar sobre alegria. E Alegria é multilateral.
7. Conversar com amigos.
Tenho um certo quê de insegurança. Por vezes me considero incapaz. Assim era para dirigir. Achava-me incapaz de fazer uma tarefa que era quase prioridade masculina. Até o dia em que me senti envergonhada por não dirigir e corri para uma autoescola. Daí até sentir que havia sido feita para tal tarefa, foi um longo caminho.
8. Dirigir
Pensar é meu ato seguro de que meu mundo pertence a mim. Enquanto penso encontro soluções. Decido. Crio. E sou capaz de criar uma barreira tão alta e tão resistente que, enquanto penso, nada é capaz de entrar. Não adiantam assuntos que não me interessam, que não são relevantes, que não me acrescentam nada baterem nesta barreira. Não irão entrar.
9. Privacidade
Por natureza, sou mão aberta. O que é meu é seu. Não tenho apegos. Por isso, muitas vezes, caio em ciladas. Desapego de trabalho, de pessoas, de objetos, de preferências. Sim, até de preferências. Desapeguei de amores, de cigarros, de bebida alcoólica, de chocolates, de modas, do salto alto, do batom. Larguei-me. E esse desprender-me trouxe alívio emocional. Esse desapego me permite ter uma visão equilibrada e ampla da vida.
10. Aceitação
Fiquei um tempo enorme para escrever sobre essas dez coisas que me deixam feliz. Logicamente existem outras tantas coisas, maiores e melhores, mais complexas que me deixam feliz, mas estas que hoje estou mencionando são só minhas. E isso me deixa feliz.
Fátima Batista
Enviado por Fátima Batista em 05/06/2025
Alterado em 05/06/2025