Boa Vista - BVIW
Quem vive em São Paulo provavelmente conhece seu icônico centro velho. Ruas movimentadas, lojas, bancos, restaurantes, comércio de eletrônicos, e muito mais. E tem a estação São Bento do Metrô. Esta estação se assemelha a um polvo gigante, enterrado no subsolo de prédios, com múltiplas bocas à mostra em seus braços, por onde fervilham pessoas, entrando e saindo.
Ontem, depois de anos sem passar pelo Centro, dirigindo-me à rua Florêncio de Abreu, desci na dita estação. Lá me senti levemente desnorteada – qual saída pegar, ou qual braço do polvo escolher? Durou pouco esse leve desnortear. No passado, foi meu caminho da roça, por onde passei tantas e tantas vezes indo e vindo do trabalho. Senti uma ansiedade para rever a Rua Boa Vista. Para quem não sabe, entre os anos 1970 e 1990, entre as Ruas Boa Vista, xv de Novembro, São Bento e João Brícola reinava o coração financeiro de São Paulo, onde circulavam mulheres de salto alto, homens de terno, e a calçada era bem tratada, e os prédios com suas fachadas de vidro refletiam os passantes.
Saí e parei na calçada. Os prédios em decadência, calçadas com suas pedras pretas e brancas soltas, ônibus barulhentos, ambulantes, carrinhos de fastfood, e milhares de passantes em concorrência com as novas lojas de produtos chineses. Por um momento pensei se a Rua não tinha tão Boa Vista assim, ou se minha vista já não era tão boa. Segui em frente e fui para meu compromisso.
Fátima Batista
Enviado por Fátima Batista em 25/06/2025
Alterado em 25/06/2025