O Esquecimento - BVIW
Naquela noite a lua lhe lançava olhares cativantes. Chegava até mesmo a derramar seu brilho como a convidá-lo ao amor. Mas nada daquilo abria seu coração. O bum-bum-bum vagaroso dentro do peito parecia reduzir mais ainda a cada segundo que passava naquela espera.
O dia nasceu. O sol lhe sorriu debochado. Prometia um dia escaldante. Já nao sentia fome, sede ou sono. Só a paralisação da espera. Ela não viria! Esperara tanto porque Vanice prometera. Ficara ali como um cachorro abandonado. Agora a esperança o abandonara. Firmou as pernas e tentou um passo. Cairia feito manga madura se tentasse o segundo. As figuras passantes diante de seus olhos enevoados nada significavam até que uma delas parou diante de si.
Paulo, o que faz aqui? Está igual estátua! Mais parece um chumaço de algodão!
Acordou de seu torpor e percebeu que dera vários passos em direção à escada que dava acesso à praia. A boca seca não conseguiu proferir palavra. Moveu a língua no céu da boca para fazer saliva até conseguir dizer que estava a espera dela desde a boca da noite anterior. Vanice o pegou pelo braço e o levou até a amurada para sentar. Quando Paulo pareceu voltar à vida, ela então lhe perguntou:
- onde está seu celular?
Esqueci em casa, respondeu.
- eu lhe zapeei ontem, ao cair da tarde, que não poderia vir te encontrar! Emendou Vanice.
Ele então abriu a boca como se fora Pantagruel, e caiu para o lado desfalecido.
Fátima Batista
Enviado por Fátima Batista em 20/08/2025
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