Fico sempre muito tempo sem escrever no meu diário.
Não por falta do que dizer, mas por falta de tempo.
Estou debaixo da linha somente esperando o tiro de partida. E esta demora, esta expectativa me deixa ansiosa.
Sempre soube como seria o amanhã. Hoje não sei mais. Estou meio acéfala. E meio sem pés, sem mãos. Sem pensamentos.
Estou esperando pra saber o que a vida reservou para mim. Preferia viver outra história – neste momento, sim – preferia viver outra história, mas eu mesma escrevi minha história, e no meio desta história tem muitas coisas que precisam ser apagadas. Não somente apagadas, mas completamente esquecidas como se nunca tivessem sido vividas.
Estou tentando reescrevê-la.
Ah, esta hora que não passa!
Hoje estou por deveras cansada. Ontem trabalhei até as 20 horas. Levei um tempão pra chegar
Levantei cedo e fui pra Osasco. A Mudança foi feita. Tudo no lugar. Voltei p’ro escritório. Almocei. Tempo quente. Fico bocejando a cada dois minutos. Já estou com dor no maxilar. E o tempo não passa!
Quero ir p’ra casa. Tomar um longo banho. E depois, dormir. Dormir o sono dos justos. Daqueles que trabalham arduamente para ganhar a vida. Nada de mordomias. Nada de alguém fazer as coisas por você. Não sirvo pra ter serventes. Prefiro servir a mim mesma.
Em minha frente, janela panorâmica. Vejo os prédios, as nuvens, o tempo lá fora. Mas não vejo a vida passar – vou com ela. Agarrei-a pela cauda e sigo avante. Adiante sempre. Assim que deve ser.
Por vezes, tentam te impor vontades. Cabe a você escolher.
Não gosto de impor nada a ninguém. Na verdade, não gosto nem mesmo de fazer sugestões. Prefiro recebê-las, filtrá-las, escolhê-las.
Muitas vezes isso me diferencia dos grupos. Não queira me fazer ir a um restaurante que não gosto somente para ter companhia. Não vou. Prefiro comer sozinha onde a comida me apetece. Não como nada que não me agrade somente para estar
Não dou palpites na vida dos outros. E não aceito na minha. Prefiro sentar em um banco vendo o tempo passar, sentindo o vento, observando as pessoas que passam que ter um bate-papo sem fundamento com um grupo de pessoas. Prefiro sim, os bate-papos amigáveis, entre amigos, ou até mesmo simplesmente colegas, mas não gosto de bobo da corte.
Hoje, sai para almoçar com um grupo. No meio do caminho, o bobo da corte resolveu mudar de lugar. Queria comer em mesas na calçada, com este frio, mas onde ele pode ser visto e apreciado. Fui contra, mas numa boa. Expliquei que em lugar aberto, a comida esfria, etc, etc. Ah, então vamos no “Frango”. Prato feito. E a cada mudança, todos concordavam, sem vontade própria. E já iam para o lado. Ok, vou comer no self-service, vulgo kilão, onde escolho o que quero, e como quente. – Ah, mas assim não dá!
- Dá sim, vocês vão para o “Frango” e eu vou para o “Belo”. E assim fiz. Comi o que quis, sossegada, sem ninguém falando em cima do meu prato, apreciando a vida.
Página 2 de 6 | 1 2 3 4 5 6 | «anterior próxima» |