No dia 7 de setembro, uma pessoa muito querida, que faz parte do meu dia-a-dia sofre um acidente.
Eram dez horas da noite e ele voltava para casa de bicicleta. Feriado, trânsito tranquilo. Foi atropelado. O motorista bateu na bicicleta por trás, jogou-o à distância e foi-se. Sabe-se lá para onde. Para os quintos dos infernos.
A bicicleta se partiu em duas. Seu braço em três. A bicicleta ficou jogada ao chão. Ele apoiou seu braço, ajeitou a mochila nas costas, recolheu os documentos espalhados no chão, e caminhou por dois quilômetros, ladeira a cima, em busca de socorro. Graças á humanidade de pessoas em uma pizzaria, veio uma ambulância e o levou para o pronto-socorro. Não quis levar para o hospital do convênio. Não1 Ele era motorista do Estado, e portanto teria que levar para o Estado.
A uma hora da manhã do dia 08 fui chamada para ir pegá-lo no hospital. Em São Bernardo do Campo. Não sabia ao certo onde era. A rua não constava no guia, já velho. Consegui achar o endereço e o levei para casa. Mostrou-me a radiografia. Vi o úmero separado em três! Pensei em sair procurando um hospital, mas já eram três horas da manhã, e além de tudo estava medicado, sonolento e com o braço no gesso.
Dia seguinte, logo pela manhã, peguei-o e levei para um hospital do convênio em Santo André. Num olhar superficial para as radiografias o médico já disse ser necessário uma cirurgia.
Mas o interessante é que o atendente do Pronto-socorro havia dado uma guia de encaminhamento para ele ir, no dia seguinte, sábado, para outro hospital do Estado. Liguei para o dito hospital e a atendente me disse que só poderia ser atendido na próxima terça-feira!
Bom, na noite do dia 08/09 sofreu a primeira cirurgia. No dia 28 sofre a segunda. Infecção. Corria o risco de perder a primeira cirurgia, onde foram colocados duas talas de titânio (?) e dez parafusos! Desde então, está no hospital. Não pode sair por causa dos antibióticos. Já está afastado do trabalho há 30 dias.
E o cara que o atropelou? Será que este criminoso tem a mínima noção do que fez? Será que tem noção que outra pessoa está afastada há um mês do trabalho? que pode perder o emprego? Que correu o sério risco de perder o braço? Que poderia ter perdido a vida? Onde está este criminoso? Agora, o mais intrigante de tudo é que no exato local do acidente, tem uma câmera radar, onde se você passar de 70 será multado? Pra multar precisa câmera, e pra livrar pobres inocentes de motoristas assassinos não tem? Que cidade é esta? que país é este?
Fica aqui a minha revolta e o meu desejo que este motorista encontre um destino bem à altura do que ele fez!
Bom, dúvida cruel. Gosto de café forte, meio amargo, exatamente como se toma na minha terra. Tanto faz frio ou calor, o café é sempre bem vindo. Gosto de café no meio da tarde. Mas tem que ser “fresco”! Nada de café requentado. Feito na hora! Tem que ser assim.
Bem, ai você pergunta: E o vinho? Sim, o vinho está na minha escala de preferências no mesmo patamar que o café. Branco ou tinto. Seco. Tem que ser encorpado. Gosto forte.
Já percebeu, não? Gosto de sabores fortes. Nada que possam ser suplantados. De uma certa forma, coloco isto nas minhas escolhas pessoais. Tenho paixão pela personalidade bem definida. Por gente que sabe porquê está aqui nesta vida. Não pense que me magoam as pessoas que me dizem não. Muito ao contrário! Eu as respeito. Não se pode dizer sim o tempo todo.
Gosto da busca. Da procura. Da luta, da dificuldade. Do sabor forte de uma vitória. Mas também não desprezo o gosto amargo da derrota. É nela que enriquecemos nossas vidas. E não importa a distância, o saber sem retorno, o conhecimento do acabado, destruído, porque, se deixou marca, significa que foi bom. Que merece saudade. Que merece ser lembrado, nem que seja em todos os dias, em todas as horas da vida.
Já ouviu dizer que infeliz é aquele que não tem motivos pra sentir saudades? Pois é! Só é capaz de deixar saudades quem realmente valeu a pena. Só o amor deixa saudade. Nada mais. Não sentimos saudades de dor, de café fraco, de vinho São Roque, de comida sem sal, de berinjelas, mas sentimos saudades de beijos quando são únicos, quando são feitos somente para duas bocas. Quando sabemos que ao beijar outra boca, o gosto não será o mesmo. Sentimos saudades de café forte de fim de tarde, de vinho branco seco tomado a dois.
Nesta minha vida morro a cada dia de saudade! Saudade de tanta gente, de pessoas especiais, de olhares por sobre a borda do copo, de toques sobre a mesa, da magia de primeiros encontros, mas, mesmo assim, se o bom Deus o permitir, viverei 100 anos. Que seja com muita saudade, porque somente assim saberei que terá valido a pena viver.
A cada dia que acordo, o meu pensamento voa sobre mares nas asas do vento. Encontra pessoas. Pessoas que eu amo, que jamais deixarei de amar em qualquer dia de minha vida. Pessoas que estarão sempre no meu coração. Pessoas, que por vezes, tenho uma vontade imensa - que chega a doer – de re-encontrar. Pessoas que, a não ser por algum milagre, não voltarei a ver. Mas isto não me torna infeliz. Ao contrário. Mostra-me que minha vida foi, é e será sempre gratificante.
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